sexta-feira, 28 de julho de 2006

Deus existe ? Ou é só uma invenção do homem ?


Deus realmente existe ou é só uma invenção do homem?

Há pessoas que dizem que Deus é uma invenção de alguns homens para conseguir exercer uma influência sobre os demais. O escritor José Saramago é uma delas, e vivia tão obcecado pela sua "convicção" de que Deus só existe na mente de alguns homens, que passou a vida a escrever livros sobre o seu ateísmo, para provar a sua "verdade". No entanto e estranhamente, afirmou numa entrevista recente, que no fundo a sua "mentalidade é uma mentalidade cristã" ! Estranho.

O pensamento de Deus ronda a mente do homem desde tempos imemoriais. Aparece com teimosa insistência em todos os lugares e todos os tempos, até nas civilizações mais arcaicas e isoladas que já se teve conhecimento. Não há nenhum povo nem período da humanidade sem religião. É algo que tem acompanhado o homem desde sempre, como a sombra que segue o corpo.


A existência de Deus se apresenta como a maior das questões filosóficas. E -como diz J.R.Ayllón- não por sua complexidade, mas por apresentar-se ao homem com um carácter radicalmente comprometedor. Como dizia Aristóteles, "Deus não parece ser um simples produto do pensamento humano, nem um inofensivo problema intelectual ?"

Por mais forte que tenha às vezes sido a influência secularizante ao seu redor, jamais o homem ficou totalmente indiferente frente ao problema religioso. A pergunta sobre o sentido e a origem da vida, sobre o enigma do mal e da morte, sobre o além, são questionamentos que jamais se pôde evitar. Deus está na própria origem da pergunta existencial do homem.

Por isso, desde tempo imemorial, o homem tem se perguntado com assombro qual seria a explicação de toda essa harmonia que há na configuração e nas leis do Universo.


Quando se observa a complexidade e perfeição dos processos bioquímicos no interior de uma diminuta célula, ou dos mais gigantescos fenómenos e movimento e transformação das galáxias; quando se assoma ao mundo micro-físico e se propõe leis que tentam explicar fenómenos que ocorrem em escalas de até um bilionésimo de centímetro; ou quando se aprofunda na estrutura em grande escala do Universo em limites de mais de um bilhão de biliões de quilómetros; contemplando este grandioso espectáculo, cada dia com mais profundidade graças aos avanços da ciência, fica cada vez mais difícil sustentar que tudo obedece a una evolução misteriosa, governada pelo azar, sem nenhuma inteligência por detrás.

Onde existe um plano, deve haver alguém que o planeja. E atrás de uma obra de tal qualidade e de tais proporções, deve haver um criador, cuja sabedoria transcenda toda medida e cuja potência seja infinita.

Pensar que toda a harmonia do universo e todas as complexas leis da natureza são fruto do azar, seria como pensar que as andanças de Dom Quixote de la Mancha, de Cervantes, puderam aparecer íntegras tirando-se letras ao azar de um gigantesco prato de sopa de letras. Recorrer a uma gigantesca casualidade para explicar as maravilhas da natureza é uma audácia excessiva.

Pode o mundo ter existido desde sempre?

Quando vemos um livro, um quadro, ou uma casa, imediatamente pensamos que por detrás destas obras haverá, respectivamente, um escritor, um pintor, um arquitecto. E da mesma maneira que não ocorre a ninguém pensar que o Quixote surgiu de uma imensa massa de letras que caiu ao azar sobre o papel e ficou ordenada precisamente dessa maneira tão engenhosa, tampouco ninguém sensato diria que o edifício "está aí desde sempre", nem que esse quadro "foi pintado sozinho", ou coisas do estilo. Não podemos sustentar seriamente que o mundo "se fez sozinho", "foi criado por si mesmo". São incongruências que caem pelo seu próprio peso.

Desta maneira, pressupõe-se a existência de uma "causa primeira", já que do nada, segundo explicava Leo J. Trese, "não se pode obter algo". Se não temos Se não temos semente, não podemos plantar um carvalho. Sem pais, não há filhos. Assim, pois, se não existisse um Ser que fosse eterno (quer dizer, umSer que nunca tenha começado a existir), e omnipotente (capaz portanto de criar algo do nada), não existiria o mundo, com toda sua variedade de seres, e nós não existiríamos. Um carvalho procede de uma semente, mas as sementes crescem nos carvalhos. Quem fez a primeira semente ou o primeiro carvalho? Os filhos têm pais, e esses pais são filhos de outros pais, e estes de outros. Pois bem, quem criou os primeiros pais?

Alguns dizem que tudo começou de uma massa informe de átomos; bem, mas quem criou esses átomos? De onde procediam? Quem guiou a evolução desses átomos, segundo leis que podemos descobrir, e que evitaram um desenvolvimento caótico? Alguém teve que faze-lo. Alguém que, desde toda a eternidade, tem gozado de uma existência independente.

Todos os seres deste mundo, houve um tempo em que não existiram. Cada um deles deverá sempre sua existência a outro ser. Todos, tanto os vivos quanto os inertes, são elo de uma longa cadeia de causas e efeitos. Mas essa cadeia deve chegar a uma primeira causa: pretender que um número infinito de causas pudesse nos dispensar de encontra uma causa primeira, seria o mesmo que afirmar que um pincel pode pintar por si mesmo com tanto que tivesse um cabo infinitamente longo.

Teoria do Big-Bang

Em 1927, o padre católico, astrónomo e físico belga Georges Lemaitre (1894-1966), derivou independentemente as equações de Friedman a partir das equações de Einstein e propôs que os desvios espectrais observados em nebulosas se deviam a expansão do universo, que por sua vez seria o resultado da "explosão" de um "átomo primeval".

Em 1929, Edwin Hubble forneceu base observacional para a teoria de Lemaitre ao medir um desvio para o vermelho no espectro ("redshift") de galáxias distantes e verificar que este era proporcional às suas distâncias, o que ficou conhecido como Lei de Hubble-Humason.

Assim é importante que agnósticos e ateus, ponham em "cache" nos seus CPU' S que foi um cientista religioso, um padre, o criador do Big Bang!

É possível a auto criação?

O Big Bang e a auto criação do universo são duas coisas bem diferentes. A teria do Big Bang, como tal, é perfeitamente conciliável com a existência de Deus. Entretanto, a teoria da auto criação -que sustenta, mediante explicações mais ou menos engenhosas, que o universo foi criado por si mesmo, e do nada, deveria objectar duas coisas: primeiro, que desde o momento que falasse de criação partindo do nada, estaríamos já fora do método científico, posto que o nada não existe e portanto não se pode aplicar o método científico; e segundo, que faz falta muita fé para pensar que uma massa de matéria ou de energia possa Ter-se criado a si mesma.

Tanta fé parece fazer falta, que o próprio Jean Rostand -por citar um cientista de reconhecida autoridade mundial nesta matéria e, ao mesmo tempo, pouco suspeitoso de simpatia pela fé católica -, chegou a dizer que a teoria da auto criação é "um conto de fadas para adultos".

Afirmação que André Frossard remarca ironicamente dizendo que "Há que se admitir que existem pessoas adultas que não são mais exigentes que crianças a respeito de contos de fadas"

As partículas originais -continua com a sua ironia o pensador francês -, sem impulso nem direcção exteriores, começaram a associar-se, a combinar-se aleatoriamente entre elas para passar dos quarks aos átomos, e dos átomos a moléculas de arquitectura cada vez mais complicada e diversa, até produzir depois de milhares de milhões de anos de esforços incessantes, um professor de física com óculos e bigodes.» 

A maior das Maravilhas ! 

A doutrina da criação não pedia mais do que apenas um milagre de Deus. 

A da auto criação do mundo exige um milagre a cada décimo de segundo.

A doutrina da auto criação exige um milagre contínuo, universal, e sem autor


quinta-feira, 27 de julho de 2006

Privilégios do Patriarcado de Lisboa

Privilégios do Patriarcado de Lisboa

Sempre foi comum que os Papas, de algum modo, demonstrassem particular atenção alguma Ordem, circunscrição eclesiástica, nação, templo ou personalidade concedendo alguma condecoração ou privilégio, temporária ou permanente. Citamos, por exemplo, a Rosa de Ouro: ornamento precioso em forma ou de uma única flor ou um de buquê de rosas, feito de ouro puro, abençoado pelo Papa e enviado a quem ou àquele que se quer homenagear ou expressar estima. Entre outros, a Basílica de São Pedro detém cinco rosas e a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, no Brasil, duas rosas. 

O Papa Leão XXIII enviou uma à Princesa Isabel do Brasil em homenagem à assinatura do decreto de abolição da escravatura. Também há privilégios litúrgicos outorgados em ocasiões especiais: durante a discussão teológica sobre a proclamação do dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria, o Papa Pio IX concedeu que a Espanha, defensora do dogma e intitulada “imaculista”, e suas colônias usassem o azul em seus paramentos na Solenidade do dia 08 dezembro e nas missas marianas aos sábados. 

Sé de Liboa
Segundo alguns, o privilégio do uso da cor cerúlea também estende-se às Filipinas, à Áustria e à Bavária, à Arquidiocese de Los Angeles, à Arquidiocese de Saint Louis (EUA), aos carmelitas, aos beneditinos ingleses, ao Instituto Cristo Rei e Sacerdote e a alguns santuários marianos. Também falam de seu uso em Portugal, na Universidade de Coimbra, pelo mesmo motivo imaculista que marcou a Espanha. 

É sobre alguns privilégios – alguns litúrgicos – concedidos ao Patriarcado de Lisboa que trataremos neste artigo.

A Diocese de Lisboa, repleta de privilégios dados pelos Papas, foi criada no século IV. O primeiro bispo conhecido historicamente foi S. Potâmio 356. 

Dizem que durante o período da invasão muçulmana, a cátedra esteve vacante ou, segundo outros, até mesmo supressa a partir do ano 716, com seu território perdido (anexado) para as dioceses de Coimbra, Lamego e Viseu; foi restabelecida em 1147. O primeiro bispo de Lisboa depois da reconquista fo Gilbert of Hastings (1147- 1166), um cruzado inglês. 

ARQUIDIOCESE - Em 10 novembro 1394, foi elevada à Arquidiocese, e D. João Eanes foi omprimeiro Arcebispo. O Papa Clemente XI, em 1716, dividiu a Arquidiocese e sua Cidade Arquiepiscopal (Lisboa) em duas circunscrições, seguindo o eixo da Rua dos Fanqueiros: o Patriarcado de Lisboa Ocidental era sediado na Patriarcal Capela Régia, e o Arcebispo de Lisboa Oriental, na Antiga Sé. 

Após desentendimentos sobre os limites eclesiásticos, em 1740 o Papa Bento XIV reunificou as duas dioceses, excluindo o título de catedral da Antiga Sé e determinando como Santa Igreja Catedral de Lisboa a igreja de Santa Maria, que já era intitulada “Patriarcal”. Portanto, desde sua ereção canônica em 1716, o Patriarcado já goza de um privilégio, o primeiro:

D.Tomás de Almeida
PATRIARCADO - O patriarca-arcebispo de Lisboa, assim como o Patriarca de Veneza, por direito "ex officio", é criado cardeal no primeiro consistório após sua nomeação canônica para a sede lisboeta. = primeiro Patriarca de Lisboa foi D.Tmás de Almeida (1716-1754)

Com a designação desta dignidade patriarcal, o Arcebispo de Lisboa ultrapassa em honorificência o Arcebispo de Braga, conhecido por Primaz das Espanhas, e, até 1716, o mais elevado clérigo português. O Arcebispo de Toledo intitula-se como Primaz da Espanha.

Ainda que por determinação Bula “Salvatoris nostri Mater“, que reunificou as duas dioceses, o Cabido tenha sido extinto, antes, ele gozava do seguinte direito:

O fano 

Segundo o antigo Pontifical, é um paramento usado nas missas pontificais pelo Papa, sobre a casula e sob o pálio; é uma espécie de pequena capa de ombros, de dimensões menores do que a mozzeta, de seda branca com listras douradas e avivada de vermelho, com uma abertura no centro para passar a cabeça. Depois do século XV, o fano passou a ter forma quadrada. Tem, em uma de suas faces, uma cruz bordada a ouro.

O Papa Paulo VI usou o fano durante seu pontificado. João Paulo II também o usou uma vez (talvez a única) no início do seu pontificado, durante missa em uma paróquia (de Santa Cecília, dados os paramentos vermelhos?) no bairro romano de Trastevere.

Cardeal Cerejeira sobe ao altar para Missa Pontifical
endossando “mitra-tiara”, fano e falda
FANO -  O uso do fano, sob o pálio arquiepiscopal, foi concedido ao Patriarca de Lisboa. Além do Cardeal Cerejeira, que governou Lisboa de 1929 a 1971 e que vemos na foto seguinte paramentado com o fano, mesmo após a reforma litúrgica (que não está diretamente ligada ao desuso do paramento) o Cardeal Ribeiro (1971-1998) ainda usou a peça litúrgica.

A falda, ainda segundo o antigo Pontifical, é uma veste litúrgica de uso exclusivo do Sumo Pontífice. Trata-se de uma longa túnica, de seda de cor clara (inicialmente era creme), usada sobre a batina (quando não era celebrada a Missa) e debaixo da alva, inclusive sobressaindo-se desta. Seu comprimento é tão longo que o Papa, para caminhar, deve ser auxiliado por dois monsenhores protonotários apostólicos da Cúria Romana (assim reza as rubricas da missa papal segundo o rito antigo), que devem suspender as bordas da referida veste. A falda, além de dar imponência à figura do Pontífice Romano, evitava que seus pés e suas pernas fossem avistados quando ele era transportado na sedia gestatoria.

FALDA - Foi dado ao Patriarca lisboeta o direito ao uso da falda, como podemos ver adiante.



Cardeal Cerejeira, caminhando debaixo do pálio processional e usando a falda

Papa adotou, de altos dignitários do Oriente e da África, o uso dos flabelos que são grandes leques de penas de avestruz. Entre os antigos romanos, eles eram usados durante os sacrifícios e refeições que, agitados pelos flabelíferos, afastavam insetos e refrescavam o ambiente. A cerimonial pontifício prescreve o uso de 2 flabelos, que ladeiam a sedia gestatoria enquanto o Papa nela é transportado e permanecem próximos a ele. durante toda a cerimônia.

FLABELOS - O Papa cedeu no século XVIII ao Patriarca de Lisboa o uso dos flabelos. Na ocasião, o Bispo de Roma doou ao Patriarcado dois de seus quatro flabelos. O Patriarca nunca substituiu os flabelos doados, é provavelmente devido a isso que os flabelos papais, evoluídos ao longo dos anos e vistos nas fotos de Pio XII são diferentes dos do Patriarcado, que possuem penas mais longas. Vejam:

Cardeal de Lisboa - Flabelos
As antigas Constituições Apostólicas já mencionam o uso pelos Papas da sedia gestatoria, consistindo-se em uma cadeira de braços, ricamente ornada, coberta de seda vermelha, com o brasão do Pontífice reinante, apoiada em um estrado, onde situam-se quatro anéis dourados, nos quais inserem-se duas varas por meio das quais doze homens carregam a sedia.

É imemorial o costume de carregar os vencedores de batalhas sobre seus escudos, como também é antiga a tradição de carregar triunfalmente os Papas depois de eleitos. Na Roma arcaica, os cônsules recém-eleitos eram carregados através da Cidade.

Os Papas foram carregados na sedia gestatoria por aproximadamente um milênio, quando deveriam se deslocar para algum lugar nas cerimônias litúrgicas. Nas procissões eucarísticas, era retirado o trono e um pequeno altar era fixado na sedia, permitindo que o Papa permanecesse em adoração ajoelhado em um genuflexório. O Papa João Paulo I ainda fez uso dela na missa do início de seu pontificado, unicamente com o propósito de não deixar de ser vistos pelos fiéis; abandonou-a logo em seguida.

SEDIA GESTATORIA - O Papa concedeu no século XVIII ao Patriarca de Lisboa o uso da sedia gestatoria. O número de doze homens encarregados de transportar asedia deu lugar ao número de oito para o Patriarca, que era ladeado pela Guarda de Honra. Semelhantemente aos flabelos da capital portuguesa, a sedia também nunca foi substituída, permanecendo sempre a original. O Cardeal era nela transportado para a Catedral e durante as procissões. O último Patriarca a usá-la foi o Cardeal Cerejeira.

Infelizmente, não há fotos de quando a sedia portuguesa foi usada em Lisboa. Dizem que, de modo até agora desconhecido, ela foi usada em 1982 quando da visita do Papa João Paulo II.

Tiara - Pio XII
TIARA - A tiara papal sempre despertou um fascínio e devido respeito aos amantes da Tradição. As três coroas que foram acrescentadas ao longo do tempo representavam a natureza do Pontífice Romano como “Solicitude universal, jurisdição eclesiástica universal e poder temporal”. 

Este último, apesar da esmagadora diminuição dos Estados Pontifícios, ainda existe devido às propriedades físicas previstas nos Tratados de Latrão. Ela, segundo o antigo Pontifical, não substitui a mitra nas celebração da missa, mas é usada na procissão inicial e no fim e é posta sobre o altar quando não coroa a fronte do Papa; nas definições dogmáticas e na bênção Urbi et Orbi que o Papa concede no fim da missa de sua coroação, como também no Natal na Páscoa.

Pode-se dizer que o direito ao uso da tiara pelo Patriarca de Lisboa foi o mais alto privilégio concedido a este pelo Papa. Isso é inaudito na História Eclesiástica. A concessão foi feita devido ao pedido insistente do rei João V de Portugal, que queria ver o Patriarcado ainda mais elevado honorificamente do que as outras dioceses. 

Pedidos como este não são tão raros: há tempos que o Núncio no Brasil goza do direito de ser criado cardeal 10 anos após o início de sua missão diplomática aqui. Isso foi concedido mediante o pedido do Império brasileiro.

Cardeal Cerejeira com Fano, Mitra e Tiara
Parece-nos que os Patriarcas lisboetas, por respeito ao Papa, nunca quiseram usar plenamente esse direito concedido. Mas, para não desagradar a Casa real portuguesa, conseguiram um meio de nem deixaram de usar o privilégio da tiara, mas também, usando-o, não igualarem-se em insígnias ao Bispo de Roma: mitra-tiara. No modelo tradicional da mitra, inseriram três circulus (linhas horizontais) em alusão às três coroas do triregnum papal. As fotos de que dispomos não mostram algo de que esperamos aliado à beleza das tiaras papais. Infelizmente.



A tiara, como conhecemos, continua a figurar no brasão do Patriarcado. E esse item, nessa circunstância, é o único em uso nos nossos dias.

Último Patriarca de Lisboa

D. Manuel José Macário do Nascimento Clemente (Torres Vedras, 16 de julho de 1948) é um bispo católico português, 17.º e atual Patriarca de Lisboa, com o título de D. Manuel III.

D. Manuel III
Ingressou em 1973 no Seminário Maior de Cristo Rei dos Olivais e, no ano seguinte, licenciou-se em História na Faculdade de Letras de Lisboa. A partir de 1975 lecciona História da Igreja na Universidade Católica Portuguesa. 

Formou-se em Teologia nesta mesma universidade em 1979, ano em que foi ordenado presbítero a 29 de junho, já com 31 anos, pelo Cardeal-Patriarca D. António Ribeiro, naSé de Lisboa. Doutorou-se em Teologia Histórica em 1992 com a tese intitulada ‘Nas origens do apostolado contemporâneo em Portugal. 

A «Sociedade Católica»’ (1843-1853). Foi director doCentro de Estudos de História Religiosa da mesma universidade entre 2000 e 2007. É, desde 1993, membro da Sociedade Científica da Universidade Católica e, desde 1996, 

Sócio Académico Correspondente da Academia Portuguesa de História. D. Manuel Clemente foi ainda coordenador de dois projectos financiados pela antiga Junta Nacional da Investigação Científica (actual Fundação para a Ciência e Tecnologia): Igreja e movimentos sociais: as organizações católicas em Portugal no século XX(1993-1995) e O movimento católico e a presença da Igreja na sociedade portuguesa (1996-1998).

Resumo da História da Ucrânia e da Crimeia

Resumo da História da Ucrânia 

A Ucrânia (em ucraniano: Україна; Ukrayina), um termo ou palavra que quer dizer fronteira ou confim5 , é um país da Europa Oriental que faz fronteira com a Federação Russa a leste e nordeste; Bielorrúsia a noroeste; Polónia, Eslováquia e Hungria a oeste; Roménia e Moldávia a sudoeste; e Mar Negro e Mar de Azov ao sul e sudeste, respectivamente. O país possui um território que compreende uma área de 603.628 quilómetros quadrados, o que o torna o maior país totalmente no continente europeu.

O território ucraniano começou a ser habitado há cerca de 44 mil anos e acredita-se que a região seja o lar da domesticação do cavalo e da família de línguas indo-europeias Na Idade Média, a nação se tornou um polo da cultura dos eslavos do leste, conhecido como o poderoso Estado Principado de Kiev. Após a sua fragmentação no século XIII, a Ucrânia foi invadida, governada e dividida por uma variedade de povos. Uma república cossaca surgiu e prosperou durante os séculos XVII e XVIII, mas a nação permaneceu dividida até sua consolidação em uma república soviética no século XX. Tornou-se um Estado-nação independente apenas em 1991.

A Ucrânia é considerada o "celeiro da Europa" devido à fertilidade de suas terras. Em 2011, o país era o terceiro maior exportador de grãos do mundo, com uma safra muito acima da média- A Ucrânia é uma das dez regiões mais atraentes para a compra de terras agrícolas no mundo. Além disso, tem um setor de manufatura bem desenvolvido, especialmente na área de aeronáutica e de equipamentos industriais.

Ficheiro:Ukraine in Europe.svg
Localização da Ucrânia (em vermelho)
Localização na Europa (em branco)
O país é um Estado unitário composto por 24 oblasts (províncias), uma república autônoma (Crimeia) e duas cidades com estatuto especial: Kiev, a capital e maior cidade, e Sevastopol, que abriga a Frota do Mar Negro da Rússia sob um contrato de leasing. A Ucrânia é uma república sob um sistema semipresidencial com separação dos poderes legislativo, executivo e judiciário. 

Desde a dissolução da União Soviética, o país continua a manter o segundo maior exército da Europa, depois da Rússia. O país é o lar de 44,6 milhões de pessoas, 77,8% dos quais são ucranianos étnicos, com minorias de russos (17%), bielorrussos e romenos. O ucraniano é a língua oficial e o seu alfabeto é cirílico. O russo também é muito falado. A religião dominante é o cristianismo ortodoxo oriental, que influenciou fortemente a arquitetura, a literatura e a música do país.

Idade de ouro em Kiev (800 - 1100)

Durante os séculos X e XI, o território da Ucrânia tornou-se o centro de um Estado poderoso e prestigioso na Europa, a Rus Kievana, o que estabeleceu a base das identidades nacionais ucraniana e das demais nações eslavas orientais nos séculos subsequentes. A capital do principado era Kiev, conquistada aoscazares por Askold e Dir por volta de 860. Conforme as Crônicas Nestorianas, a elite do principado era inicialmente formada por varegues provenientes daEscandinávia que foram mais tarde assimilados à população local de modo a formar a dinastia Rurik.

O Principado de Kiev era formado por diversos domínios governados por príncipes ruríkidas aparentados. Kiev, o mais influente de todos os domínios, era cobiçado pelos diversos membros da dinastia, o que levava a enfrentamentos frequentes e sangrentos. A era dourada do principado coincide com os reinados de Vladimir, o Grande (Volodymyr, 980-1015), que aproximou o seu Estado do cristianismo bizantino, e seu filho Iaroslav, o Sábio (1019-1054), que viu o principado atingir o ápice cultural e militar.

O processo de fragmentação que se seguiu foi interrompido, em alguma medida, pelos reinados de Vladimir Monomakh (1113-1125) e de seu filho, o príncipe Mstislav (1125-1132), mas o território terminou por desintegrar-se em entidades separadas após a morte do último. A invasão mongol do século XIII desferiu ao principado o golpe de misericórdia, do qual nunca se recuperaria.
 

Era soviética


O colapso do Império Russo e do Império Áustro-Húngaro após a Primeira Guerra Mundial, bem como a Revolução Russa de 1917, permitiram o ressurgimento do movimento nacional ucraniano em prol da auto-determinação. Entre 1917 e 1920, diversos estados ucranianos se declararam independentes: o Rada Central, o Hetmanato, o Diretório, a República Popular Ucraniana e a República Popular Ucraniana Ocidental.

Contudo, a derrota daquela última na Guerra Polaco-Ucraniana e o fracasso polonês na Ofensiva de Kiev (1920) da Guerra Polaco-Soviética fizeram com que a Paz de Riga, celebrada entre a Polônia e os bolcheviques em março de 1921, voltasse a dividir a Ucrânia. A porção ocidental foi incorporada à nova Segunda República Polonesa e a parte maior, no centro e no leste, transformou-se na República Socialista Soviética Ucraniana em março de 1919, posteriormente unida à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, quando esta foi criada, em dezembro de 1922.
 
Ficheiro:Voyaky unr.jpg
Soldados do Exército Insurgente da Ucrânia em 1917
O ideal nacional ucraniano sobreviveu durante os primeiros anos sob os soviéticos. A cultura e a língua ucranianas conheceram um florescimento quando da adoção da política soviética de nacionalidades. Seus ganhos foram postos a perder com as mudanças políticas dos anos 1930.

A industrialização soviética teve início da Ucrânia a partir do final dos anos 1920, o que levou a produção industrial do país a quadruplicar nos anos 1930. O processo impôs um custo elevado ao campesinato, demograficamente a espinha dorsal da nação ucraniana. Para atender a necessidade de maiores suprimentos de alimentos e para financiar a industrialização, Josef Stálin estabeleceu um programa de coletivização da agricultura pelo qual o Estado combinava as terras e rebanhos dos camponeses em fazendas coletivas. 

O processo era garantido pela atuação dos militares e da polícia secreta: os que resistiam eram presos e deportados. Os camponeses viam-se obrigados a lidar com os efeitos devastadores da coletivização sobre a produtividade agrícola e as exigências de quotas de produção ampliadas. Tendo em vista que os integrantes das fazendas coletivas não estavam autorizados a receber grãos até completaram as suas impossíveis quotas de produção, a fome tornou-se generalizada. Este processo histórico, conhecido como Holodomor (ou Genocídio Ucraniano), levou milhões de pessoas a morrer de fome.

Na mesma época, os soviéticos acusaram a elite política e cultural ucraniana de "desvios nacionalistas", quando as políticas de nacionalidades foram revertidas no início dos anos 1930. Duas ondas de expurgos (1929-1934 e 1936-1938) resultaram na eliminação de quatro-quintos da elite cultural da Ucrânia.
 

Segunda Guerra Mundial


Durante a Segunda Guerra Mundial, alguns membros do subterrâneo nacionalista ucraniano lutaram contra nazistas e soviéticos, indistintamente, enquanto que outros colaboravam com ambos os lados. Em 1941, os invasores alemães e seus aliados do Eixo avançaram contra o Exército Vermelho. No cerco de Kiev, a cidade foi designada pelos soviéticos como "Cidade Heroica" pela feroz resistência do Exército Vermelho e da população local. Mais de 660 000 soldados soviéticos foram capturados ali.

De início, os alemães foram recebidos como libertadores por muitos ucranianos na Ucrânia Ocidental. Entretanto, o controle alemão sobre os territórios ocupados não se preocupou em explorar o descontentamento ucraniano com as políticas soviéticas; ao revés, manteve as fazendas coletivas, executaram uma política de genocídio contra judeus e de deportação para trabalhar na Alemanha. Dessa forma, a maioria da população nos territórios ocupados passou a opor-se aos nazistas.
 
Ficheiro:Ruined Kiev in WWII.jpg

Kiev em ruínas durante a Segunda Guerra Mundial. A cidade foi ocupada pelaAlemanha nazista entre 1941 e 1943.
As perdas totais civis durante a guerra e a ocupação alemã na Ucrânia são estimadas em entre cinco e oito milhões de pessoas, inclusive mais de meio milhão de judeus. Dos onze milhões de soldados soviéticos mortos em batalha, cerca de um-quarto eram ucranianos étnicos.

Com o término da Segunda Guerra Mundial, as fronteiras da Ucrânia soviética foram ampliadas na direção oeste, unindo a maior parte dos ucranianos sob uma única entidade política. A maioria da população não-ucraniana dos territórios anexados foi deportada. Após a guerra, a Ucrânia tornou-se membro das Nações Unidas. Em 1986, no norte da Ucrânia, aconteceu o pior acidente nuclear da história, na cidade de Chernobyl.

acidente nuclear de Chernobil 

O acidente nuclear de Chernobil ocorreu dia 26 de abril de 1986, na Usina Nuclear de Chernobil (originalmente chamada Vladimir Ilyich Lenin) na Ucrânia (então parte da União Soviética). É considerado o pior acidente nuclear da história, produzindo uma nuvem de radioatividade que atingiu a União Soviética, Europa Oriental, Escandinávia e Reino Unido, com a libertação de 400 vezes mais contaminação que a bomba que foi lançada sobre Hiroshima. Grandes áreas da Ucrânia, Bielorrússia e Rússiaforam muito contaminadas resultando na evacuação e reassentamento de aproximadamente 200 mil pessoas.
 
Imagem de satélite da área atingida pelo acidente.
Cerca de 60% de radioatividade caiu em território bielorrusso.

O acidente fez crescer preocupações sobre a segurança da indústria nuclear soviética, diminuindo sua expansão por muitos anos, e forçando o governo soviético a ser menos secreto. Os agora separados países de Rússia, Ucrânia e Bielorrússia têm suportado um contínuo e substancial custo de descontaminação e cuidados de saúde devidos ao acidente de Chernobil. 

É difícil dizer com precisão o número de mortos causados pelos eventos de Chernobil, devido às mortes esperadas por câncer, que ainda não ocorreram e são difíceis de atribuir especificamente ao acidente. Um relatório da Organização das Nações Unidas de 2005 atribuiu 56 mortes até aquela data – 47 trabalhadores acidentados e nove crianças com câncer de tireoide – e estimou que cerca de 4000 pessoas morrerão de doenças relacionadas com o acidente.2 O Greenpeace, entre outros, contesta as conclusões do estudo.

O governo soviético procurou esconder o ocorrido da comunidade mundial, até que a radiação em altos níveis foi detectada em outros países. Segue um trecho do pronunciamento do líder daUnião Soviética, na época do acidente, Mikhail Gorbachev, quando o governo admitiu a ocorrência:

"Boa tarde, meus camaradas. Todos vocês sabem que houve um inacreditável erro – o acidente na usina nuclear de Chernobil. Ele afetou duramente o povo soviético, e chocou a comunidade internacional. Pela primeira vez, nós confrontamos a força real da energia nuclear, fora de controle."

A instalação



A Central nuclear de Chernobil está situada no assentamento de Pripyat, Ucrânia, 18 km a noroeste da cidade de Chernobil, 16 quilómetros da fronteira com a Bielorrússia, e cerca de 110 km a norte de Kiev.
A central era composta por quatro reatores, cada um capaz de produzir um gigawatt de energia elétrica (3,2 gigawatts de energia térmica). Em conjunto, os quatro reatores produziam cerca de 10% da energia elétrica utilizada pela Ucrânia na época do acidente.

A construção da instalação começou na década de 1970, com o reator nº 1 comissionado em 1977, seguido pelo nº 2 (1978), nº 3 (1981), e nº 4 (1983). Dois reatores adicionais (nº 5 e nº 6, também capazes de produzir um gigawatt cada) estavam em construção na época do acidente. As quatro unidades geradoras usavam um tipo de reator chamado RBMK-1000.3
As causas do acidente foram atribuídas a erro humano e defeitos na construção do reactor.

Era contemporânea

O colapso da União Soviética em 1991 permitiu a convocação de um referendo que resultou na proclamação da independência da Ucrânia. Após isso, o país experimentou uma profunda desaceleração econômica, maior do que a de algumas das outras ex-repúblicas soviéticas. Durante a recessão, a Ucrânia perdeu 60% do seu PIB entre 1991 e 1999, além de ter sofrido com taxas de inflação de cinco dígitos. Insatisfeitos com as condições econÓmicas, bem como as taxas de crime e corrupção, os ucranianos protestaram e organizaram greves.

A economia ucraniana estabilizou-se até o final da década de 1990. A nova moeda, o hryvnia, foi introduzida em 1996. Desde 2000, o país teve um crescimento económico real constante, com média de expensão do PIB de cerca de 7% ao ano.

A nova constituição ucraniana, que foi adotada durante o governo do presidente Leonid Kuchma em 1996, acabou por tornar a Ucrânia uma república sem-presidencial e estabeleceu um sistema político estável. Kuchma foi, no entanto, criticado por adversários por corrupção, fraude eleitoral, desestimulação da liberdade de expressão e muita concentração de poder em seu cargo. Ele também transferiu, por várias vezes, propriedades públicas para as mãos de oligarcas fiéis a ele.

Em 2004, Viktor Yanukovych, então primeiro-ministro, foi declarado vencedor das eleições presidenciais, que tinham sido largamente manipuladas, como o Supremo Tribunal da Ucrânia constatou mais tarde. Os resultados causaram um clamor público em apoio ao candidato da oposição, Viktor Yushchenko, que desafiou o resultado oficial do pleito. Isto resultou na pacífica Revolução Laranja, que trouxe Viktor Yushchenko e Yulia Tymoshenko ao poder, enquanto lançou Viktor Yanukovych à oposição.

Yanukovych retornou a uma posição de poder em 2006, quando se tornou primeiro-ministro da Aliança de Unidade Nacional, até que eleições antecipadas em setembro de 2007 tornaram Tymoshenko primeiro-ministro novamente.
 
Ficheiro:Joesjtsjenko Marion Kiev 2004.jpg

Manifestantes na 
Praça da Independência (Maidan Nezalejnosti), no primeiro dia da Revolução Laranja
Disputas com a Rússia sobre dívidas de gás natural interromperam brevemente todos os fornecimentos de gás à Ucrânia em 2006 e novamente em 2009, levando à escassez do produto em vários outros países europeus. Viktor Yanukovych foi novamente eleito presidente em 2010, com 48% dos votos.

O protestos do Euromaidan começaram em novembro de 2013, quando os cidadãos ucranianos exigiram uma maior integração do país com a União Europeia (UE). As manifestações foram provocadas pela recusa do governo ucraniano em assinar um acordo de associação com a UE, que Yanukovych descreveu como sendo desvantajoso para a Ucrânia. Com o tempo, o movimento Euromaidan promoveu uma onda de grandes manifestações e agitação civil por todo o país, o contexto que evoluiu para incluir clamores pela renúncia do presidente Yanukovich e de seu governo.

A violência intensificou-se depois de 16 de janeiro de 2014, quando o governo aceitou as leis Bondarenko-Oliynyk, também conhecidas como leis anti-protestos. Os manifestantes anti-governo então ocuparam edifícios do centro de Kiev, incluindo o prédio do Ministério da Justiça, e tumultos deixaram 98 mortos e milhares de feridos entre os dias 18 e 20 fevereiro. Em 22 de fevereiro de 2014, o Parlamento da Ucrânia destituiu Yanukovych por considerar o presidente incapaz de cumprir seus deveres e definiu uma eleição para 25 de maio para selecionar o seu substituto.

A História da Crimeia

A Crimeia, oficialmente República Autónoma da Crimeia (em ucraniano Автономна Республіка Крим, Avtonomna Respublika Krym; em russo: Автономная Республика Крым, Avtonomnaia Respublika Krym; em tártaro da Crimeia: Qırım Muhtar Cumhuriyeti) é uma península e uma república autônoma da Ucrânia situada na costa setentrional do Mar Negro.

Ficheiro:Crimea Emblem.pngEra chamada Táurica (Chersonesus Taurica ou Scythica) pelos antigos gregos e romanos. Seu nome atual deriva do nome tártaro Qırım (que provavelmente significa «fortificação», devido à topografia), através do grego: Κριμαια (Krimaia).

Geografia

Crimeia faz fronteira com a região do Kherson a norte, com ao Mar Negro ao sul e ao oeste, e com o Mar de Azov ao leste. Tem uma área de 26 000 km², com uma população de 1,9 milhão de habitantes (2005). Sua capital é Simferopol.

A Crimeia conecta-se ao resto da Ucrânia pelo istmo de Perekop, com uma largura de 5 a 7 km. No extremo oriental encontra-se a península de Kerch, que está diretamente em face da península de Taman, em terras russas. Entre as penínsulas de Kerch e Taman encontra-se o Estreito de Kerch, com 4,5 a 15 km de largura, que liga o Mar Negro ao Mar de Azov.

A costa da Crimeia é repleta de baías e portos. Esses portos encontram-se no lado ocidental do Istmo de Perekop, na Baía de Karkinit; no sudoeste, na baía aberta de Kalamita, com os portos de Eupatória, Sebastopol e Balaclava; na Baía de Arabat, no lado norte do Istmo de Yenikale ou Kerch; e na Baía de Caffa ou Teodósia, com o porto homónimo no lado sul.

A costa sudeste é flanqueada a uma distância de 8 a 12 km do mar por uma cadeia de montanhas também conhecidas como Cordilheira da Crimeia. Essas montanhas são acompanhadas por uma segunda cadeia paralela. 75% do resto da superfície da Crimeia consiste de pradarias semiáridas, uma continuação sul das estepes Pontic, que se inclinam levemente para o nordeste a partir dos pés das montanhas.


Ficheiro:Crimean peninsula.svg

A cadeia principal dessas montanhas ergue-se abruptamente do fundo do Mar Negro, alcançando uma altitude de 600 a 750 metros, começando no sudoeste da península, chamado Cabo Fiolente (ant. Parthenium). Era esse cabo que, supõe-se, era coroado com o templo de Ártemis, onde Ifigênia teria exercido como sacerdotisa.

Diversos kurgans, ou restos de sepulturas, dos antigos citas espalham-se através das estepes da Crimeia.

Durante os anos de poder soviético, as vilas e as dachas da costa da Crimeia eram privilégio dos politicamente fiéis ao regime. Também encontram-se vinhedos e pomares nessa região; a pesca, a mineração e a produção de diversos óleos também são importantes. Inúmeros edifícios da família imperial russa também embelezam a região, assim como pitorescos castelos gregos e medievais.


Primeiros habitantes da Crimeia

Os primeiros habitantes da Crimeia de quem se têm resquícios autênticos foram os Cimerianos, que foram expulsos pelo Citas durante o século VII a.C.. Uma pequena população que se refugiara nas montanhas ficou conhecida posteriormente como os Tauri. Neste mesmo século, os antigos colonos gregos começaram a ocupar a costa, isto é, dórios de Heracleia em Quersoneso, e jônios de Mileto em Teodósia e Panticapeia (também chamado Bósforo).

Ficheiro:Bm krim.jpg
Foto Satélite da península da Crimeia e do Mar de Azov, (NASA/MODIS/Blue Marble)
Dois séculos mais tarde, (438 a.C.) Espártaco I, o archon, ou líder, dos Jônios assumiu o título de Rei do Bósforo,1 um Estado que manteve relações importantes com Atenas, fornecendo àquela cidade trigo e outros produtos. O último destes reis, Perisades V, sendo pressionado pelos Citas, pediu proteção a Mitrídates VI, rei do Ponto, em 114 a.C.. Depois da morte de seu protetor, seu filho Farnaces, como recompensa pelo auxílio dado aos romanos na guerra contra o próprio pai, recebeu em 63 a.C. de Pompeu o reino do Bósforo. Em 15 a.C. foi mais uma vez devolvido ao rei de Ponto, mas daí em diante acabou mantendo-se um território tributário de Roma.

Durante os séculos seguintes a Crimeia foi invadida, atravessada ou ocupada sucessivamente pelos godos (250, pelos hunos (376), pelos Cazares (século VIII), pelos gregos bizantinos (1016), pelos kipchaks (1050), e pelos mongóis (1237).

No século XIII, os Genoveses destruíram ou tomaram as colônias que seus rivais Venezianos haviam fundado na costa da Crimeia e se estabeleceram em Cembalo (Balaclava), Soldaia (Sudak), e Caffa (Teodósia). Essas prósperas cidades comerciais existiram até a conquista da península pelos Turcos Otomanos em 1475.

Ficheiro:Krim 500.png
Mapa da península da Crimeia.
Enquanto isso, os tártaros haviam fincado pé no norte e no centro da península desde o século XIII. O pequeno enclave de Karaites instalou-se entre os Tártaros da Crimeia, principalmente em Çufut Qale. Depois da destruição da Horda Douradapor Timur, eles fundaram um Canato da Crimeia em 1427 com Haci I Giray, um descendente de Gêngis Khan. Seus sucessores e ele próprio reinaram primeiramente em Solkhat (Eski Qırım) e, a partir do início do século XV, em akhchisaray. Depois de 1478, reinaram como príncipes tributários do Império Otomano até 1777, quando, tendo sido derrotados pelo general russo (futuro generalíssimo) Suvorov, tornaram-se dependentes da Rússia; finalmente, em 1783, toda a Crimeia foi anexada ao Império Russo.

A Guerra da Crimeia

A Guerra da Crimeia foi um conflito que se estendeu de 1853 a 1856, na península da Crimeia (no mar Negro, ao sul da atual Ucrânia), no sul da Rússia e nos Bálcãs. Envolveu, de um lado o Império Russo e, de outro, uma coligação integrada pelo Reino Unido, a França, o Reino da Sardenha - formando a Aliança Anglo-Franco-Sarda - e o Império Otomano (actual Turquia). Esta coalizão, que contou ainda com o apoio do Império Austríaco, foi formada como reacção às pretensões expansionistas russas.

Nessa guerra, foi importante o papel da marinha de corso, pela França e Reino Unido.

Desde o fim do século XVIII, os russos tentavam aumentar a sua influência nos Balcãs, região entre o mar Negro e o mar Mediterrâneo. Em 1853, o czar Nicolau I invocou o direito de proteger os lugares santos dos cristãos em Jerusalém, então parte do Império Otomano. Sob esse pretexto, as suas tropas invadiram os principados otomanos do Danúbio (Moldávia e Valáquia, na atual Roménia). O sultão da Turquia, contando com o apoio do Reino Unido e da França, rejeitou as pretensões do czar, declarando guerra à Rússia. Mediante a declaração de guerra, a frota russa destruiu a frota turca naBatalha de Sinop.
Ficheiro:Fall of Sevastopol.jpg
O Reino Unido, sob a rainha Vitória, temia que uma possível queda de Constantinopla diante das tropas russas lhe pudesse retirar o controle estratégico dos estreitos de Bósforo eDardanelos, cortando-lhe as comunicações com a Índia. Por outro lado, Napoleão III de França mostrava-se ansioso para mostrar que era o legítimo sucessor de seu tio, Napoleão I. Mediante a derrota naval dos turcos, ambas declararam guerra à Rússia no ano seguinte, seguidos pelo Reino da Sardenha (governado por Vítor Emanuel II e o seu primeiro-ministroCavour). Em troca, os turcos permitiriam a entrada de capitais ocidentais na Turquia.

O conflito iniciou-se efectivamente em março de 1854. Em agosto, a Turquia, com o auxílio de seus aliados, já havia expulsado os invasores dos Balcãs. De forma a encerrar definitivamente o conflito, as frotas dos aliados convergiram sobre a península da Crimeia, desembarcando tropas a 16 de setembro de 1854, iniciando o bloqueio naval e o cerco terrestre à cidade portuária fortificada de Sebastopol, sede da frota russa no mar Negro. Embora a Rússia tenha sido vencida em batalhas como a de Balaclava e em Inkerman, o conflito arrastou-se com sua recusa em aceitar os termos de paz. Entre as principais batalhas desta fase da campanha registam-se:

Batalha do rio Alma;
Batalha de Balaclava (imortalizada por Alfred Tennyson no poema A carga da brigada ligeira); e
Batalha de Inkerman.

Durante o cerco a Sebastopol, a doença cobrou um pesado tributo às tropas britânicas e francesas, tendo se destacado o heroico esforço de Florence Nightingale dirigindo o atendimento hospitalar de campanha. A praça-forte, em ruínas, só caiu um ano mais tarde, em setembro de 1855
.
O Cerco de Sebastopol

O Cerco de Sebastopol foi o principal combate ocorrido durante a Guerra da Crimeia, tendo durado de setembro de 1854 a setembro de 1855. Um dos primeiros livros de Leão Tolstoi, Relatos de Sebastopol detalha os combates num misto de ficção e relato histórico.

Descrição
Em setembro de 1854, as tropas aliadas do Reino Unido,França e Piemonte chegaram à Crimeia e sitiaram a cidade de Sebastopol, base oficial da Marinha Tsarista noMar Negro, de onde ameaçava o Mediterrâneo. Antes que viesse a ser encurralado, as tropas russas se retiraram.

No começo de outubro, engenheiros franceses e britânicos, movendo sua base para Balaclava, começaram a erguer as construções da linha de assédio ao longo dos planaltos de Chersonese, ao sul de Sebastopol. As tropas escavaram abrigos, baterias armadas e trincheiras.

Com a saída do exército russo e seu comandantePríncipe Menshikov, a defesa de Sebastopol ficou a cargo dos Vice-Almirantes Vladimir Kornilov e Pavel Nakhimov, auxiliados pelo engenheiro-chefe de Menshikov, Tenente-Coronel Eduard Totleben. As forças militares disponíveis para a defesa eram de 4500 milicianos, 2700 artilheiros, 4.400 marinheiros, 18.500 fuzileiros-navais e 5000 auxiliares de serviço, totalizando pouco mais de 35 000 homens.

Os russos primeiro puseram a pique alguns navios, para a proteção do porto, usando seus canhões navais como artilharia adicional e seus tripulantes como fuzileiros. As embarcações propositadamente postas a pique incluíamGrão-Duque Constantino, Cidade de Paris (ambos com 120 peças de artilharia), Valente, Imperatriz Maria,Chesme, Yagondeid (84 peças), Kavarna (60),Konlephy (54), fragata a vapor Vladimir, navios a vaporTroante, Bessarábia, Danúbio, Odessa, Elbrose e Krein.

Em meados de outubro de 1854 os Aliados possuíam 120 peças de artilharia prontas para abrir fogo contra Sebastopol; os russos tinham cerca de três vezes mais armas para responder ao fogo e defender-se dos ataques da infantaria.

A 17 de outubro começou a batalha de artilharia. As armas russas destruíram inicialmente um paiol francês, inutilizando suas armas. O fogo britânico destruiu o paiol russo durante a batalha de Malakoff, matando o Almirante Kornilov, destruindo a munição russa no lugar e abrindo uma brecha na defesa citadina. As tropas britânicas e francesas, porém, adiaram o plano de ataque da infantaria, perdendo assim ocasião para um possível desfecho prematuro do cerco.

A este tempo, os navios Aliados combatiam as defesas russas, causando danos mas logo recuando para suas posições defensivas. O bombardeio foi retomado no dia seguinte; mas, trabalhando durante a noite, os russos repararam os danos sofridos. Isto tornou-se um padrão repetido ao longo do cerco.

Durante outubro e novembro de 1854, as batalhas de Balaclava e de Inkerman aconteciam distantes das linhas de assédio. Depois de Inkerman, perceberam os russos que o cerco de Sebastopol não poderia ser levantado com uma batalha campal, conseguiram enviar pouco a pouco suas tropas para dentro da cidade, a fim de ajudarem na sua defesa. Nos fins de novembro o tempo mudou e uma tempestade de inverno arruinou os acampamentos aliados e interrompeu suas linhas de provisão. Homens e cavalos sofreram doenças e fome, diante daquelas condições precárias.

Enquanto Totleben estendia as fortificações ao redor de Redan, do bastião da bandeira e de Malakoff, o engenheiro-chefe britânico John Burgoyne percebeu em Malakoff a chave para a entrada na cidade. Foram iniciados os trabalhos a fim de permitir um cerco concentrado a Malakoff, e permitir uma maior aproximação das tropas aliadas; como resposta, Totleben escavou casamatas onde franco-atiradores armados com rifles pudessem alvejar, escondidos, os sitiadores. Antecipação da guerra de trincheiras que se tornou o símbolo maior da I Guerra Mundial, estes postos se tornaram o principal foco dos assaltos aliados.

Quando o inverno amainou, os Aliados puderam restabelecer muitas rotas de provisão. Uma nova ferrovia, a "Ferrovia Central da Grande Crimeia", foi construída pelos contratados Thomas Brassey e Samuel Peto, servindo para transportar materiais de Balaclava até a linha de cerco, entregando ainda mais de quinhentas peças de artilharia e farta munição. Começando em 8 de abril de 1855 (Domingo de Páscoa), os Aliados retomam o bombardeio das defesas russas. Em 28 de junho o Almirante Nakhimov morreu, alvejado na cabeça por um vigia Aliado.

Em 24 de agosto os Aliados iniciaram o sexto e mais severo bombardeio da fortaleza. 307 canhões dispararam 150 000 tiros, sofrendo os russos baixas diárias entre dois e três mil homens. No dia 27 de agosto 13 divisões e uma brigada aliadas (numa força total de 60 000 homens) iniciaram o último assalto. Os franceses conseguiram capturar o reduto de Malakoff, fazendo com que a defesa russa se tornasse insustentável. Na manhã de 28 de agosto as tropas russas abandonaram o lado sul de Sebastopol.

Embora defendida heroicamente e às custas de pesadas baixas aliadas, a queda de Sebastopol levou à derrota russa na Guerra da Crimeia. A maioria dos defensores russos da cidade foi enterrada em mais de 400 sepulturas coletivas, no Cemitério da Fraternidade, em Sebastopol.

Destino dos canhões de Sebastopol
Os britânicos enviaram um par de canhões capturados em Sebastopol a cada uma das cidades mais importantes do Império. Alguns autores acreditam que outros canhões foram derretidos, e usados para fazer as medalhas daCruz da Vitória, embora isso seja contestado por estudiosos.

A Batalha de Malakoff foi uma batalha da Guerra da Crimeia, travada entre o Império Russo e o Segundo Império Francês. Foi travada em 7 de setembro de 1855, em Sebastopol. Foi uma vitória decisiva dos franceses, tendo morrido em combate todos os comandantes russos.

Esta vitória assegurou a queda de Sebastopol e fez terminar o respectivo cerco, alguns dias mais tarde, abrindo o caminho para a vitória aliada (Reino Unido, França, Império Otomano e Reino da Sardenha). A comuna francesa de Malakoff recebeu o seu nome em honra desta batalha histórica.

Na região correspondente ao atual território da Ucrânia, sucedeu ao Principado de Kiev os principados de Aliche e de Volínia, posteriormente fundidos no Estado de Aliche-Volínia, liderado porDaniel Romanovitch. Em meados do século XIV, o Estado foi conquistado por Casimiro IV da Polônia, enquanto que o cerne do antigo Principado de Kiev - inclusive a cidade de Kiev - passou ao controle do Grão-Ducado da Lituânia. O casamento do grão-duqueJagelão da Lituânia com a rainha Edviges da Polônia pôs sob controle dos soberanos lituanos a maior parte do território ucraniano.
Tratado de Paris

A guerra terminou com a assinatura do tratado de Paris de 30 de março de 1856. Pelos seus termos, o novo czar, Alexandre II da Rússia, devolvia o sul da Bessarábia e a embocadura do rio Danúbio para o Império Otomano e para a Moldávia, renunciava a qualquer pretensão sobre os Balcãs e ficava proibido de manter bases ou forças navais no mar Negro.

Por outro lado, a Turquia representada por Aali-pachà ou Meliemet Emin era admitida na comunidade das potências europeias, tendo o sultão se comprometido a tratar seus súditos cristãos de acordo com as leis europeias. A Valáquia e a Sérvia passaram a estar sob protecção internacional.
Novas hostilidades[editar | editar código-fonte]

Na Conferência de Londres (1875), a Rússia obteve o direito de livre trânsito nos estreitos de Bósforo e Dardanelos. Em 1877, iniciou nova guerra contra a Turquia, invadindo os Balcãs em consequência da repressão turca a revoltas de eslavos balcânicos. Diante da oposição das grandes potências, os russos recuaram outra vez. 

O Congresso de Berlim (1878), consagrou a independência dos Estados balcânicos e as perdas turcas de Chipre, para o Reino Unido, da Arménia e parte do território asiático para a Rússia e da Bósnia e Herzegovina para o Império Austro-Húngaro. Em 1895, o Reino Unido apresentou um plano de partilha da Turquia, rechaçado pela Alemanha, que preferia garantir para si concessões ferroviárias. Nos Bálcãs, no início doséculo XX, o crescente nacionalismo eslavo contra a presença turca levou a região à primeira das Guerras Balcânicas.

Segunda Guerra Mundial

A Crimeia foi palco de uma das mais sangrentas batalhas da Grande Guerra Patriótica (Segunda Guerra Mundial). Os invasores alemães tiveram inúmeras perdas quando tentaram avançar através do istmo ligando a Crimeia à Ucrânia, emPerekop, no verão de 1941. Quando finalmente conseguiram atravessar, os alemães ocuparam a maior parte da Crimeia, com exceção da cidade de Sebastopol (Cidade Heróica). Sebastopol resistiu heroicamente de Outubro de 1941 até 4 de Julho de 1942, quando os alemães finalmente capturaram a cidade. As tropas soviéticas conseguiram liberar Sebastopol somente em 1944.

Sebastopol

Sebastopol (em ucraniano: Севасто́поль; em russo: Севасто́поль; em tártaro da Crimeia: Aqyar) é uma cidade do sul da Ucrânia com cerca de 330 000 habitantes localizada na península da Crimeia1 .

É uma das duas cidades ucranianas com status especial de cidade independente, sendo a outra a capital do país, Kiev. É o segundo maior porto da Ucrânia, o maior sendo o Porto de Odessa.

Foi fundada pelos russos em 1783. Ficou célebre na Guerra da Crimeia o Cerco de Sebastopol (1854-1855). Esteve ocupada pelo exército alemão entre 3 de julho de 1942 e 9 de maio de 1944.

Administrativamente, Sebastopol é uma cidade independente e não é parte, portanto, da República Autônoma da Crimeia. Abrange o distrito de Balaclava. Nos tempos da União Soviética, Sebastopol foi declarada como cidade fechada.
 
Demografia

A população da cidade de Sevastopol é de 342 451 habitantes (censo de 2001), sendo a 15ª cidade mais populosa da Ucrânia e mais populosa da península da Crimeia. Toda a área da cidade independente, incluída Balaclava, tem uma população de 961 885 (2008). De acordo com o censo ucraniano de 2001, os russos são 71,6% dos habitantes, os ucranianos são 22,4% e os bielorrussos são 1,6%2 .

Deportações

Em 1944 a população de etnia Crimeia-Tártara foi deportada a força pelo governo soviético. Estima-se que 46% desses deportados tenham morrido de fome e doenças.

Dominação Soviética

Durante a era soviética, a Crimeia foi governada como parte da República Socialista Federada Soviética da Rússia até que, em 1954, fosse transferida por Khrushchov para a RSS da Ucrânia como presente de comemoração do 300.° aniversário da unificação da Rússia e da Ucrânia. Com o colapso da União Soviética, a Crimeia tornou-se parte da recém independente Ucrânia, uma situação ressentida por parte da população majoritaramente russa e causadora de tensões entre a Rússia e a Ucrânia. Com a Frota do Mar Negrobaseada na península, houve apreensões de conflito armado.


Ficheiro:SovietUnionUkraine.png
Localização da RSS da Ucrânia na URSS
Com a derrota eleitoral das principais forças políticas radicais nacionalistas da Ucrânia a tensão diminuiu progressivamente.

Autonomia

A Crimeia proclamou sua autonomia em 5 de Maio de 1992, mas concordou mais tarde permanecer parte integrante da Ucrânia como uma república autônoma.

A cidade de Sebastopol está situada dentro da República, mas tem um status municipal especial na Ucrânia. O Presidente da República é Boris Davydovych Deich, desde 2002, e o primeiro-ministro é Anatolii Fedorovych Burdyugov, desde 23 de Setembro de 2005.

 

quarta-feira, 26 de julho de 2006

Mulheres na Historia de Portugal - Heroínas

Isabel, a irmã do Infante D. Henrique


Na primeira fase (1415-1460), quem organizou os descobrimentos portugueses foi o Infante D. Henrique. Nesta época efectuaram-se muitas viagens, descobriu-se uma longa faixa da costa ocidental de África e os arquipélagos da Madeira, Açores e Cabo Verde.

As ilhas eram desertas e foram tomadas várias iniciativas para as povoar. A princesa Isabel, apesar de já estar casada e de viver num país estrangeiro, assumiu um papel activo no povoamento dos Açores.

A vida da princesa Isabel - Duquesa de Borgonha


A princesa Isabel nasceu a 11 de Fevereiro de 1397, em Évora. Filha do rei D. João I e da rainha D. Filipa de Lencastre, recebeu uma educação invulgar para a época.Aprendeu a ler, a escrever, falava várias línguas e distraia-se a traduzir romances de cavalaria.Passava largas temporadas no palácio de Sintra e, talvez por ser a única menina da família, ninguém teve pressa em lhe arranjar noivo. Mas acontece que um dos irmãos, D. Pedro, que gostava muito de viajar, visitou Filipe «O Bom», duque da Borgonha e conde da Flandres, entendeu-se muito bem com ele e terá gabado as qualidades de Isabel.


Ficheiro:Isabella of portugal.jpg
Alguns anos depois, Filipe «O Bom» ficou viúvo e decidiu enviar mensageiros a Portugal com a missão de recolher informações sobre a princesa. Queria saber se era de facto uma pessoa interessante, culta, de feitio agradável.

E como também queria saber se era bonita, enviou um pintor chamado Van Eyck para lhe fazer um retrato, recomendando que fosse fiel ao modelo.

Tanto o retrato como as informações satisfizeram plenamente o duque que, no ano seguinte, enviou uma grande embaixada para pedir a mão da princesa.

O casamento incluiu duas cerimónias: a primeira, no Palácio de Sintra e sem o noivo estar presente; a segunda, na cidade de Bruges a 7 de Janeiro de 1430. Isabel passou a viver na Borgonha com o marido e teve um filho, Carlos «O Temerário». Respeitada e admirada pela corte, desempenhou funções diplomáticas e ficou conhecida por «A Grande Dama».

Nem o casamento, nem a maternidade, nem a riqueza, nem o prestígio de que gozava na sua nova pátria a fizeram esquecer o país de origem, os irmãos e a aventura fantástica em que se tinham envolvido. Mesmo de longe quis apoiar os Descobrimentos.

Quando soube que se preparava a colonização dos Açores, insistiu com os irmãos para que aceitassem colonos flamengos (da Flandres). A proposta agradou e Isabel ocupou-se a selecionar as pessoas adequadas, oferecendo-lhes boas condições para iniciarem vida numa ilha deserta. Foi portanto graças à princesa Isabel que tantos flamengos se instalaram nos Açores e deram origem a numerosa descendência.

Ainda hoje há locais que lembram essa vaga de emigrantes, como por exemplo a «ribeira das Flamengas» na ilha Terceira e a cidade da Horta no Faial, fundada pelo capitão Huertere. Há famílias cujo apelido resulta da tradução de nomes flamengos, como por exemplo os Silveiras, descendentes de Van der Haegen (que significa arbusto com espinhos).

Constança e Branca as "Capitoas da Madeira"


Para colonizar as ilhas atlânticas utilizou-se o sistema de capitanias, ou seja, entregava-se uma extensão de terra a um capitão que ficava encarregue de a povoar, desenvolver e governar.



Ora os capitães precisavam de estabilidade e estabilidade significava família. Quando partiam com armas e bagagens levavam consigo as mulheres e os filhos.

Não há grandes relatos sobre o que pensavam, sentiam e fizeram «as capitoas». Mas pode imaginar-se a coragem de que necessitaram para embarcar, numa época em que as mulheres habitualmente não viajavam; as saudades que tiveram de sufocar quando se despediam dos seus entes queridos, que provavelmente não tornariam a ver; a força de vontade indispensável a quem teve de criar condições de vida a partir do zero.

Quem já possuía uma casa equipada com tudo, o que sentiria diante do terreno que ainda era preciso desbravar para se espetarem as primeiras estacas da futura habitação? E, ainda que cheias de paciência e espírito de aventura, como terão reagido no momento em que lhes fez falta um objecto fácil de encontrar em qualquer loja ou mercado, numa terra onde não existiam lojas nem mercados? E a que proezas de imaginação terão recorrido quando os filhos pequenos chamaram pelos avós e pelos primos, pediram coisas que não havia por lá, ou adoeceram?

Constança Rodrigues de Almeida, mulher do capitão João Gonçalves Zarco, e Branca Teixeira, mulher do capitão Tristão Vaz, podem ser lembradas como exemplo das muitas mulheres que, na época dos descobrimentos, largaram tudo e acompanharam o marido para as terras desconhecidas onde eles decidiram viver.


A Condessa de Redondo Na época dos descobrimentos os portugueses conquistaram várias cidades no norte de África. Para manterem essas cidades reforçavam as muralhas existentes ou construíam novas e mantinham uma guarnição militar permanente. As condições de vida nessas cidades eram bastante duras e, portanto, embora não fosse proibido, a maior parte dos oficiais e dos soldados preferia deixar a mulher no reino. Houve, no entanto, excepções. Algumas esposas acompanharam os maridos e aguentaram firme o calor, a solidão, a falta de mantimentos ou os ataques dos mouros.

A condessa do Redondo, mulher do governador de Arzila, ficou famosa pelas relações de cortesia que foi capaz de estabelecer com o chefe mouro Mulei Abraém, grande inimigo dos portugueses.

Mulei Abraém atacava Arzila com frequência, apanhando o gado e as colheitas dos campos em redor. Mas, antes de se retirar, mandava um dos seus homens bater à porta do castelo para «cumprimentar o senhor conde e beijar a mão à senhora condessa».

Em vez de chorar ou de se enraivecer, a condessa entrava no jogo e mandava-lhe burros carregados de bolos, com recados simpáticos dizendo que «se nos tivesse avisado do ataque com alguns dias de antecedência, eu teria preparado melhores iguarias

Passageiras Clandestinas 

Sempre houve e sempre haverá mulheres corajosas e com espírito de aventura. Quando as naus partiam para a Índia e a população acorria a despedir-se, muitas mulheres terão chorado por não poderem ir também enfrentar desafios, conhecer novos mundos, dar rumo ao seu destino sem ter que prestar contas a ninguém.

Mas nem a sociedade estava preparada para esses voos femininos, nem a lei o permitia. Durante a primeira fase da Carreira da Índia era absolutamente proibido levar mulheres a bordo. Sabe-se, no entanto, que algumas, mais ousadas, cortavam o cabelo, vestiam-se de homem e embarcavam mesmo, enganando as autoridades.

Integradas na tripulação, tiveram de desempenhar tarefas duras, engrossar a voz ou falar pouco, fingir que se barbeavam ou então acompanhar sobretudo os grumetes, rapazes muito novos e ainda imberbes…

Se por acaso eram desmascaradas, a sorte destas mulheres dependia do capitão. Podiam ser castigadas, ficar prisioneiras num compartimento fechado ou toleradas com benevolência. Se ainda navegavam perto das ilhas da Madeira e Açores, geralmente deixavam-nas lá.

Vasco da Gama, por exemplo, mostrou-se sempre muito rigoroso quanto à presença de mulheres a bordo e chegou a decretar que as passageiras clandestinas, encontradas nas naus da Carreira da Índia, recebessem açoites em público logo que chegassem a Goa. Este castigo chegou a ser aplicado pelo menos a três mulheres aventureiras.

O espetáculo impressionou negativamente Vasco da Gama, que se arrependeu e quis compensar as raparigas da humilhação sofrida. Deixou-lhes uma boa quantia em testamento que lhes serviu de dote e permitiu que arranjassem marido. Ficaram todas a viver na Índia.

Antónia ou António ?

 Antónia Rodrigues nasceu em Aveiro numa família muito pobre. A mãe, querendo ver-se livre de mais uma boca para sustentar, entregou-a a uma tia que morava em Lisboa. A pobre Antónia sofreu imenso porque a tia tratava-a com desprezo e crueldade. Farta de maus tratos, resolveu fugir. Mas para onde?

O melhor era tentar sorte o mais longe possível! Planeou então embarcar para longe. Cortou o cabelo, comprou roupas de homem e foi oferecer-se ao mestre de uma caravela que ia zarpar para o norte de África, carregada de trigo destinado a abastecer os portugueses que viviam no castelo de Mazagão. O mestre aceitou «aquele rapaz» que dizia chamar-se António Rodrigues e distribuiu-lhe tarefas de grumete.

Durante a viagem trabalhou com tanto afinco que só recebeu elogios de toda a gente. Esfregava o convés, içava as velas e é de supor que quando subia aos mastros aproveitava o ruído do vento e das ondas para soltar gargalhadas ou mesmo gritos de alegria!

Ao chegar a Mazagão viu-se envolvida numa rede de intrigas e não pôde voltar para bordo. Mas como não era pessoa que se atrapalhasse, assentou praça como soldado e depressa se distinguiu pela sua destreza e valentia. Essas qualidades, porém, não despertaram inveja. Antónia, ou António, sabia criar bom ambiente entre os companheiros de armas. O pior era à noite… a única hipótese de continuar a desempenhar o seu papel sem ser descoberta era dormir vestida!

Deitava-se sempre de camisa e ceroulas. Os bons serviços prestados valeram-lhe ser promovida a cavaleiro e nessa qualidade tinha de sair do castelo para combater em campo aberto.

E saía, de arma em punho, notabilizando-se pelas proezas cometidas. Assim ganhou fama e como associava à bravura uma simpatia natural e um trato muito amigável, começou a despertar paixões entre as poucas raparigas que viviam em Mazagão. Nessa altura é que tudo se complicou. Uma família que tinha uma filha solteira começou a convidar aquele jovem e amável cavaleiro para jantar e passar o serão, cobrindo-o de presentes, na esperança de que ele quisesse casar com a filha.

Receando ser descoberta, Antónia preferiu confessar a verdade e toda a gente pasmou! Um casal bondoso recolheu-a então, as candidatas a namoradas tornaram-se suas amigas e algum tempo depois até arranjou noivo. Antónia regressou a Lisboa casada, feliz e cheia de histórias para contar.

O rei achou piada e recompensou-a pelos serviços prestados na guerra como «António».

Iria Pereira 

Iria Pereira namorava António Real e quando soube que ele ia partir para o Oriente decidiu ignorar as leis da época e acompanhá-lo. Escolheu cuidadosamente o disfarce e muito bem vestida à marujo enfiou-se na nau onde viajava, nada mais nada menos, do que o severo D. Francisco de Almeida, primeiro vice-rei da Índia.

Corria o ano 1505, a nau fazia parte de uma grande armada composta por 20 embarcações e a viagem foi tormentosa! Depois das ondas infernais ao longo da costa ocidental da África, sofreram os efeitos de uma violenta tempestade de neve quando navegavam a sul do Cabo da Boa Esperança.

A maior parte da tripulação adoeceu e entre os mais afectados estava António Real. Valeram-lhe com certeza os carinhos da mulher que nessa altura certamente já fora desmascarada e perdoada pelo vice-rei. Ninguém se lembrou de deixar escrito o que aconteceu exatamente, mas sabe-se que o par desembarcou na Índia, são e salvo.

António Real veio a desempenhar o cargo de alcaide da fortaleza de Cochim (na costa oriental da Índia). O casal teve um filho a que deu o nome de Diogo. E o mais curioso é que, quando António Real voltou para o reino, Iria preferiu continuar na Índia onde enriqueceu e educou o filho que veio a tornar-se um piloto famoso.

Viajantes Legais 

No tempo do rei D. João III, quando Portugal possuia terras não só na Europa. mas também em África, na América e na Ásia, as leis sobre viajantes femininas tiveram de ser modificadas. Além das mulheres dos colonos, que continuavam a ir para as ilhas ou que partiam para se instalar no Brasil, havia o caso dos funcionários que o rei nomeava para prestarem serviço durante alguns anos nas feitorias e fortalezas espalhadas pelo mundo.

Muitos desses funcionários queriam levar consigo as mulheres e as filhas e o rei autorizava. A partir de então as naus portuguesas tinham de acomodar passageiras legais. Os problemas surgiam porque as viagens demoravam imenso e o convívio tornava-se complicado, havendo poucas mulheres e muitos homens a bordo…

Para evitar complicações, destinavam-lhes uma cabine na popa do navio e uma zona do tombadilho para poderem apanhar ar. Só estavam autorizadas a contactar com o marido ou pai e com o padre que ia a bordo. Imagine-se, então, a tortura de raparigas novas, bonitas e solteiras, que durante meses a fio só podiam ver de longe os muitos rapazes novos, bonitos e solteiros, que viajavam no mesmo navio. Num espaço tão delimitado e vigiado, não havia lugar para escapadelas furtivas.

Desesperos de Paixão

Numa certa nau da Carreira da Índia viajava um certo rapaz sensível que se apaixonara perdidamente, não por uma rapariga, mas por aquele conjunto de figuras femininas que circulavam no tombadilho, tão perto e ao mesmo tempo tão longe!

Após vários meses de angústia e noites mal dormidas, quando ancoraram ao largo de Moçambique, o rapaz não aguentou mais e atirou-se à água, na ideia de nadar à roda do navio a ver a cara das meninas debruçadas no tombadilho. Mas saiu-lhe muito cara a brincadeira, porque naquela zona havia tubarões e o rapaz ficou sem uma perna!

A respeito desta história sabe-se apenas que ele sobreviveu. Podemos é imaginar que convalesceu no tombadilho rodeado de carinho e atenções…

As Órfãs de El-Rei 

Na época dos descobrimentos morreram muitos pais de família. As meninas órfãs ficavam numa situação aflitiva, sem terem quem as protegesse e quem pagasse o dote indispensável a um bom casamento.

O rei D. João III preocupou-se com estas meninas e fundou uma espécie de lar - «Recolhimento do Castelo de S. Jorge» - para elas terem um sítio seguro onde viver.

Querendo também ajudá-las a encontrar marido, decidiu enviar algumas para casarem com os portugueses que se tinham instalado na Índia. Oferecia-lhes um dote e prometia um bom cargo aos rapazes que as desposassem.

Estas órfãs d'el rei partiram em grupos de dez por ano. Algumas terão amaldiçoado a sua sorte quando viram o noivo, mas outras talvez tenham sido felizes. A maior parte das mulheres que partiram para terras longínquas, fizeram-no para seguir os seus homens. Mas também houve casos em que homens se viram obrigados a embarcar para não perderem a mulher que amavam.

Catarina a Piró 

Catarina - por alcunha a Piró - era uma linda rapariga de Miragaia e inspirou uma paixão violenta a Garcia de Sá, jovem fidalgo de uma ilustre família do Porto. Quando o pai do rapaz soube, ficou furibundo. Jamais daria autorização para semelhante enlace!

Não querendo desobedecer ao pai e não estando disposto a renunciar à sua amada, que fez Garcia? Partiu para a Índia e levou Catarina consigo. Por lá viveram mais de vinte anos e tiveram duas lindas filhas - Leonor e Joana

.Isabel de Veiga e Ana Fernandes, as Defensoras de Diu 

Em 1538, quando os portugueses possuíam muitas cidades, castelos e feitorias na Índia, o sultão de Guzerate desencadeou um violentíssimo ataque contra a cidade de Diu.

Ora, dentro das muralhas só havia seiscentos homens de armas. O capitão Antônio da Silveira viu-se, portanto, aflito para organizar a defesa contra os dezasseis mil soldados guzerates que traziam sete mil aliados turcos e cem navios bem equipados de canhões.

Para evitar o desastre completo, trancaram-se as portas, os soldados portugueses espalharam-se estrategicamente e lutaram dia e noite durante três longos meses.

Durante esse período terrível em que estiveram cercados, distinguiram-se várias mulheres. Uma delas, Isabel da Veiga, casada com um fidalgo da Madeira, pegou em armas e deu tantas provas de bravura que ficou conhecida por «A Defensora».

Uma outra, Ana Fernandes, apesar da idade avançada, envolveu--se nos combates e percorria as muralhas para ralhar com os soldados quando fraquejavam. Ambas foram, sem dúvida, ajudas preciosas naquela luta desigual que os portugueses acabaram por vencer!