quinta-feira, 15 de agosto de 2013

1385 - Batalhas pela Independêmcia


Batalha dos Atoleiros

A Batalha dos Atoleiros ocorreu a 6 de Abril de 1384, no actual município português deFronteira no distrito de Portalegre, a cerca de 60Km da fronteira com Castela, entre as forças portuguesas, comandadas por Nuno Álvares Pereira, e uma expedição punitiva castelhana, enviada por João I de Castela, junto da povoação do mesmo nome no Alentejo.

D. Nuno Álvares Pereira, chefe militar português que tinha sobre o seu comando uma força de 1.200 homens de pé, dos quais 100 besteiros e 300 lanças (cavalaria ligeira e pesada). As forças castelhanas invasoras, contam com um efectivo de aproximadamente 5.000 homens

Por esta altura Nuno Álvares Pereira tinha sido nomeado pelo Mestre de Avis como fronteiro do Alentejo, temendo a entrada em Portugal do exército castelhano por aquela zona. Partindo de Lisboa, D. Nuno aumentou o número dos seus homens pelo caminho e aproximou-se do exército inimigo que intentava cercar Fronteira.

Mais numerosos e conscientes que D. Nuno os iria interceptar, os castelhanos enviaram um emissário ao chefe do exército português, tentando dissuadi-lo. Perante a recusa dos portugueses, o exército castelhano dirigiu-se ao seu encontro. O exército português já os aguardava,formando um quadrado, com a maioria das lanças na vanguarda; nas alas e retaguarda estavam os peões misturados com algumas lanças. Os castelhanos atacaram com a cavalaria, que foi contida pelas lanças e virotões, o que gerou grande desordem. A batalha durou pouco, tendo sofrido o exército castelhano pesadas baixas.


Batalha dos Atoleiros
As tropas castelhanas, que depois de desorganizadas foram tomadas pelo pânico e começaram a fugir em todas as direcções, sendo perseguidas ao longo de todo o resto do dia pelas forças de D. Nuno Alvares Pereira, que lhes deu caça até à distância de cerca de sete quilómetros do local da batalha. A batalha dos Atoleiros, constituiu na Península Ibérica a primeira e efectiva utilização das novas técnicas de defesa de forças de infantaria em inferioridade numérica perante uma cavalaria pesada muito superior. A mais conhecida destas será conhecida como a técnica do quadrado.

Uma das mais curiosas notas da batalha, é que embora as forças de Castela tenham sofrido perdas muito elevadas, principalmente com muitos mortos entre a cavalaria pesada (que era a força castelhana mais importante) do lado português não ocorreu uma única morte, nem se registaram feridos.

Este facto só por si, para a realidade da Idade Média era já de si importante, porque para um ambiente extremamente condicionado pela religião, a não existência de mortos ou feridos era vista como um prova de que o lado Português tinha o apoio de Deus.

Batalha de Aljubarrota

A Batalha de Aljubarrota marca o momento decisivo da guerra luso-castelhana de 1384-1397. Depois de levantar o cerco de Lisboa, D. João I de Castela voltou a reunir as suas tropas para tentar de novo conquistar Portugal. A 13 de Agosto os Castelhanos chegavam a Leiria, adiando o encontro com as tropas de D. João I de Portugal para o dia 14.

Nuno Álvares Pereira ao ver a superioridade numérica dos Castelhanos, fez rapidamente inverter as suas frentes de batalha, posicionando-as na estrada de Leiria para Lisboa. As tropas portuguesas, embora militarmente pior equipadas, conseguiram derrotar os Castelhanos graças ao excelente comando e às tácticas indicadas pelo Condestável Nuno Álvares.

Durante três dias a hoste portuguesa manteve-se no campo de Aljubarrota, em sinal de vitória, segundo o espírito cavaleiresco da época.

A Batalha de Aljubarrota marca o momento decisivo da guerra luso-castelhana de 1384-1397. Depois da invasão castelhana que cercou Lisboa ter retirado em virtude da peste, D. João I de Castela voltou a reunir as suas tropas para tentar de novo conquistar o nosso país, contando então com o apoio de várias praças e castelos que ainda lhe obedeciam.


Batalha de Aljubarrota
De facto, o Rei de Portugal, recém aclamado nas Cortes de Coimbra (Março de 1385), ainda em Julho tentava conquistar Torres Novas e Alenquer, enquanto os Castelhanos atravessaram a fronteira da Beira e se dirigiram sobre Coimbra, que não tentaram conquistar, prosseguindo depois para Lisboa. Reunidos em Abrantes, os exércitos de D. João I de Portugal e do Condestável Nuno Álvares Pereira, decidiram, depois da hesitação de alguns, interceptar os invasores. Avançaram, pois, até Tomar e Porto de Mós, ao mesmo tempo que os Castelhanos chegavam a Leiria.

A 13 de Agosto viram então os portugueses surgir das bandas de Leiria as avançadas castelhanas. Como o sol já declinava e as tropas vinham cansadas, D. João de Castela, doente, numas andas, adiara o ataque para o dia seguinte. E a 14, à vista do acanhado acampamento dos castelhanos, que todo o dia 13 se haviam mantido formados, à torreira do sol, sem comer, determinou o comandante fazer desfilar as suas incontáveis tropas pelo flanco esquerdo da posição, talvez no duplo intuito de os cortar de Lisboa e paralisá-los de terror. 

A orgulhosa parada durou meio dia e assombrou de facto a bisonha peonagem dos concelhos, mal armada, mal defendida nas suas armaduras de ferro. Mas o Condestável observava atentamente a manobra castelhana e, sem se abalar, fez rapidamente inverter as suas frentes de batalha «de como as tinha ordenado com as costas para Leiria e as tornou contra onde estavam seus inimigos», posicionando-as na estrada de Leiria para Lisboa, por Alcobaça, entre dois ribeiros a sul da Cavalaria.


Segundo os melhores cálculos, o condestável dispunha de 1700 lanças, 800 besteiros e 4000 peões, ao todo 6500 homens, fortemente concentrados na sua posição, admiravelmente guarnecida.

Os castelhanos traziam 5000 lanças, entre as quais muitos cavaleiros gascões e franceses, 2000 cavalos, 8000 besteiros e 15000 peões, num total de 30000 homens, com 700 carroças, milhares de animais carregando mantimentos e munições, 8000 cabeças de gado e muitos pajens e outra gente de serventia. 

Tão extenso e desordenado era este comboio que ainda a cauda da coluna vinha a léguas de distância quando a arrogante cavalaria da vanguarda se defrontou com os Portugueses. Infatigável, atendendo a tudo, o condestável dispôs as suas forças em três alas, com uma forte reserva à retaguarda. A vanguarda, de 600 lanças, alinhava-se agora com a frente para o sul, em torno do pendão do condestável, a meio da charneca, terreno pouco acidentado, igualmente vantajoso para ambas as partes. A ala esquerda da nova posição era a célebre ala dos namorados, comandada por Mem Rodrigues e Rui Mendes de Vasconcelos, 200 lanças de cavaleiros todos moços valorosos.

Nuno Alvares Pereira

Na ala direita, comandada por António Vasques, formavam 200 homens de armas, entre os quais os famosos arqueiros ingleses assoldados em Londres. As 700 lanças de reserva à retaguarda, comandadas pelo rei, mantinham-se interiormente em ligação com a vanguarda por uma dupla manga de peões e de besteiros. Por todo o campo ondulavam os balsões e insígnias dos cavaleiros, a bandeira verde da ala dos namorados, o pendão real das quinas e castelos, o estandarte branco e piedoso do condestável. 

O curral do parque, com os pajens, cavalos, armaduras e toda a bagagem da hoste, ficara estabelecido à retaguarda da reserva, bem guarnecida também por besteiros e homens de pé, que não só defendiam a carriagem, como apoiavam os flancos da reserva contra eventuais surpresas. Já o sol baixava a poente, quando as trombetas de Castela soaram na tarde cálida.

A batalha começou pelo estrondear das catapultas, que nos portugueses causou certo espanto. Mas, a artilharia tosca, de pedra, rebentou aos primeiros tiros, matando alguns dos próprios artilheiros. Refeita da primeira hesitação, a vanguarda de Nuno Álvares Pereira pôs-se em marcha, vagarosamente, consoante as instruções recebidas. Entretanto, nos seus cavalos de guerra, a extensa frente de batalha castelhana avançava um tanto desordenada, apoiada pelo tiroteio dos besteiros, ameaçando envolver a escassa frente portuguesa.

Mas os cavaleiros castelhanos, surpreendidos por verem os portugueses apeados, começaram a encurtar as suas lanças para as tornar mais manejáveis; o que lhes deteve o ímpeto e fez assim oscilar toda a linha, reduzindo-lhes a frente e deixando para trás os extremos, que se misturaram aos cavaleiros da retaguarda.

Assim se formou, em massa profunda, uma espécie de cunha, cujo choque foi tão violento, que toda a vanguarda portuguesa vacilou, rompeu ao centro, e, flectindo em ambos os lados, deixou penetrar pela brecha no seu campo quase toda a cavalaria da vanguarda inimiga. Desligadas, perplexas, à espera de ordens, as duas alas castelhanas não se moveram para reforçar o ataque. 

Ao mesmo tempo, na frente portuguesa, com admirável coesão, as duas linhas quebradas tornaram-se a fechar sobre si mesmas, reconstituindo a face do quadrado e cortando a frente da retaguarda inimiga; e enquanto da nossa ala direita os arqueiros ingleses flechavam tranquilamente os cavaleiros castelhanos entrados no nosso campo, a ala dos namorados acometia-os do seu lado com brava fúria. Imediatamente el-rei D. João, avançando com a sua reserva de 700 lanças, vinha acabar de esmaga-los entre a sua massa e a ala dos namorados.

Mais perplexas, pela unidade do ataque e pela incompreensão do que se passava, a retaguarda e uma das alas castelhanas recuaram logo, emaranhando-se nas suas próprias bagagens, produzindo maior confusão e um pânico súbito, que alastrou logo por todo o campo. Foi o próprio rei o primeiro a dar o exemplo, fugindo com a sua escolta para Santarém que ainda se lhe mantinha fiél.

Os portugueses redobraram então de energia e precipitaram o espantoso desbarato de tão orgulhosa e poderosa hoste. Somente o Mestre de Alcântara fez ainda um desesperado esforço para evitar a vergonhosa derrota.

Com a sua cavalaria fez um largo rodeio pela direita para atacar, à retaguarda, a peonagem do rei D. João; mas, a essa altura, já o condestável, vitorioso, pode acorrer com a sua cavalaria aos seus peões e animá-los a repelir o tardio ataque. 

Falhado esse último golpe, o terror e o desbarato dos castelhanos tornaram-se indescritíveis. À excepção do corpo de cavalaria, que retirou logo para Santarém, o resto, mesmo as duas alas que podiam ter coberto a retirada, abalaram em fuga desordenada por todo o campo. Fizeram-se milhares de prisioneiros, tomou-se toda a bagagem, o despojo foi magnifico. E tudo se resolvera em pouco mais de meia hora.

Chegado alta noite a Santarém, D. João de Castela nem aí se sentiu seguro e veio logo rio abaixo até Lisboa, onde embarcou numa galé da frota, para Sevilha. Durante três dias a hoste portuguesa manteve-se no campo de Aljubarrota, em sinal de vitória, segundo o espírito cavaleiresco da época.

A enorme derrota desmoralizou fortemente o inimigo, e principalmente aqueles que ainda resistiam em cidades portuguesas, fazendo que, a partir daí, as operações militares se reduzissem quase só às zonas de fronteira. É claro que o ambiente de contradições que ainda reinava no nosso país levava a que os partidários de D. João I acentuassem vivamente o triunfo e o considerassem como sinal de protecção divina, fazendo do acontecimento motivo de propaganda. De facto, a descrição da batalha por Fernão Lopes e a construção do Mosteiro da Batalha mostram bem o aproveitamento ideológico que dele se fez.

A Padeira de Aljubarrota

Brites de Almeida, a Padeira de Aljubarrota, foi uma figura lendária e heroína portuguesa, cujo nome anda associado à vitória dos portugueses, contra as forças castelhanas, na batalha de Aljubarrota (1385). Com a sua pá de padeira, teria morto sete castelhanos que encontrara escondidos num forno.

A lenda

Brites de Almeida teria nascido em Faro, em 1350, de pais pobres e de condição humilde, donos de uma pequena taberna. A lenda conta que desde pequena, Brites se revelou uma mulher corpulenta, ossuda e feia, de nariz adunco, boca muito rasgada e cabelos crespos. Estaria então talhada para ser uma mulher destemida, valente e, de certo modo, desordeira.

Teria 6 dedos nas mãos, o que teria alegrado os pais, pois julgaram ter em casa uma futura mulher muito trabalhadora. Contudo, isso não teria sucedido, sendo que Brites teria amargurado a vida dos seus progenitores, que faleceriam precocemente. Aos 26 anos ela estaria já órfã, facto que se diz não a ter afligido muito.



Vendeu os parcos haveres que possuía, resolvendo levar uma vida errante, negociando de feira em feira. Muitas são as aventuras que supostamente viveu, da morte de um pretendente no fio da sua própria espada, até à fuga para Espanha a bordo de um batel assaltado por piratas argelinos que a venderam como escrava a um senhor poderoso da Mauritânia.

Acabaria, entre uma lendária vida pouco virtuosa e confusa, por se fixar em Aljubarrota, onde se tornaria dona de uma padaria e tomaria um rumo mais honesto de vida, casando com um lavrador da zona. Encontrar-se-ia nesta vila quando se deu a batalha entre portugueses e castelhanos. Derrotados os castelhanos, sete deles fugiram do campo da batalha para se albergarem nas redondezas. Encontraram abrigo na casa de Brites, que estava vazia porque Brites teria saido para ajudar nas escaramuças que ocorriam.
Brites no Forno
Quando Brites voltou, tendo encontrado a porta fechada, logo desconfiou da presença de inimigos e entrou alvoroçada à procura de castelhanos. Teria encontrado os sete homens dentro do seu forno, escondidos. Intimando-os a sair e a renderem-se, e vendo que eles não respondiam pois fingiam dormir ou não entender, bateu-lhes com a sua pá, matando-os. Diz-se também que, depois do sucedido, Brites teria reunido um grupo de mulheres e constituido uma espécie de milícia que perseguia os inimigos, matando-os sem dó nem piedade.

Os historiadores possuem em linha de conta que Brites de Almeida se trata de uma lenda mas, assim mesmo, é inegável que a história desta padeira se tornou célebre e Brites foi transformada numa personagem lendária portuguesa, uma heroína celebrada pelo povo nas suas canções e histórias tradicionais.

Nenhum comentário: