domingo, 14 de julho de 2013

Évora - Património Mundial


ÉVORA - Património Mundial
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Designação : Centro Histórico da cidade de Évora / Centro Urbano Intramuros da Cidade

  
Localização : Évora, Évora, Santo Antão *
Acesso : A2, A6, EN. 114, EN. 256, EN. 18
Protecção : Património Mundial - UNESCO, 1986
Enquadramento : Urbano. Assenta numa colina, estendendo-se pelas suas encostas até à vasta planície, para onde se expande desde o Séc. 19. A sua máxima altitude é de 302 metros onde se localiza a Acrópole. 
Rodeada de uma cintura de muralhas da Idade Média e do Séc. 17 segundo o sistema Vauban, mostra desde longe, na planura alentejana toda a sua monumentalidade donde sobressai a mole majestosa da Sé.


Descrição :

As origens da cidade de Évora ainda continuam envolvidas no pó dos séculos. As referências de Plínio e Ptolomeu marcam com rigor histórico a posição geográfica da cidade, nó de circulação de grandes vias, de relevante importância na era romana. Júlio César, Imperador Romano, substitui o topónimo cúneo de Ebora, por Liberalitas Julia.

Da presença romana, de que se encontram inúmeros vestígios, destaca-se, como um dos mais importantes a nível peninsular, o Templo Romano, e as recentemente descobertas Termas Romanas. O primeiro perímetro muralhado, a Cerca Velha, de que ainda se conservam importantes fiadas de aparelho romano, algumas torres e a Porta de D. Isabel.

O segundo perímetro ou Cerca Nova iniciada por D. Afonso IV, continuada por D. Pedro I e D. Fernando, surpreende pelo seu aspecto monumental. Posteriormente, no Séc.17 fizeram-se novas fortificações e alguns baluartes. No Centro Histórico, durante a Idade Média, vão surgir edifícios notáveis, como a Sé Catedral, o Palácio e a Igreja Real de São Francisco, e inúmeros conventos que ocupam com as suas cercas os terrenos livres junto à Muralha Medieval.
Estas instalações, de grande dimensão irão estruturar a nova cidade intramuros, seguindo-se uma época de grandes trabalhos de urbanismo, incluindo a construção do Aqueduto da Água de Prata, sobre antigo traçado de um Aqueduto Romano.
O facto de os reis viverem longas temporadas na cidade e, para ela convocarem Cortes gerais Reais, tornam-na nos Séc. 16 e 17 um importante ponto convergente da cultura, arte e administração, sendo considerada a segunda capital do país.


A cal branca, elemento preponderante e básico que robustece as estruturas, imprimindo tonalidades serenas e repousantes, preenchendo as vastas superfícies lisas dos alçados, de poucas e estreitas aberturas debroadas a cor viva, donde sobressaem chaminés de ressalto, por vezes polilobadas e as cornijas molduradas.
Os monumentos das mais variadas épocas, palácios e conventos, quais marcos históricos e estilísticos, integrados na paisagem urbana, atestam como no devir do tempo se vão interligando os antigos e os modernos num tecido urbano ímpar em Portugal.
Uma das notas dominantes e características da Arquitectura Regional, tanto na cidade como no concelho é a sua feição populista. 


Habituado à vida dura de trabalho e ao clima, muito quente no Verão e muito frio no Inverno, o nativo procurou defender-se destes incómodos edificando a sua habitação conforme a longa experiência de séculos e a natureza dos materiais empregues. Datam do Séc. 15 as mais arcaicas manifestações arquitectónicas de Évora, com os seus pórticos Góticos, de granito, por vezes moldurados, embebidos em alçados de taipa ou reforçados de alvenaria.
Os exemplos, que chegaram aos nossos dias, amalgamados nos arruamentos medievos, constituem a fusão de formas e estilos vários olvidando os cânones clássicos da arte de construir, por isso mesmo transmitem um pitoresco e típico equilíbrio de linhas, de massa de formas, sombras e volumes, que profundamente caracterizam a arquitectura popular alentejana. 


Cronologia :
Séc. 2 a. C. - Conquistada por Decimo Junius Brutus 
Séc. 1 a. C. - Júlio César dignifica Évora com o título de Liberalitas Julia; 
Séc. 5 - Sob o domínio visigótico volta a chamar-se Évora; 
714 - Tomada de Évora pelos muçulmanos; 
166 - Tomada de Évora aos mulçumanos por Geraldo Sem Pavor - Carta de Foral de D. Afonso Henriques; 
1257 - Foral de Évora; 
1340 - D. Afonso IV convoca para Évora as Cortes Gerais; 
1383 - 1385 - Tumultos de Évora em apoio ao Mestre de Avis
1421 - Matrimónio de D. Duarte; 
1437 - D. Duarte convoca para Évora Cortes Gerais; 
1481 - D. João II convoca para Évora Cortes gerais; 
1490 - Segunda convocatória de Côrtes por D. João II
1498 - Nasce em Évora o humanista André de Rezende
1501 - D. Manuel I doa a Évora Foral de Leitura Nova; 
1535 - D. João III convoca Cortes gerais para Évora; 
1536 - Morre em Évora Garcia de Rezende; 
1540 - A  de Évora é elevada a metropolita; 
1559 - Criação da Universidade de Évora pelo Cardeal D. Henrique; 
1637 - Alterações de Évora como protesto contra o domínio Castelhano; 
1663 - Ocupação castelhana de Évora por D. João de Austria a 14 de Maio, sendo a cidade libertada a 25 de Junho pelo Conde Vila Flor;
1755 - Terremoto do 1ºde Novembro que atingiu Évora com grau de intensidade 7 a 8; 
1759 - Extinção da Universidade de Évora pelo Marquês de Pombal
1805 - Fundação da Biblioteca Pública pelo Arcebispo D. Frei Manuel do Cenáculo; 
1808 - O General françês Loison ataca e conquista a cidade; 1834 - é assinada em Évora a abdicação de D. Miguel; 
1918 - Rebenta uma revolta militar contra Sidónio Pais; 
1919 - Fundação do nóvel "Grupo Pró-Évora"
1985 - Criação na Câmara Municipal do Gabinete Técnico Local para o Centro Histórico; 
1986, 28 de Novembro - Classificação pela UNESCO do Centro Histórico da Cidade de Évora Património da Humanidade

Características Particulares : 
Durante todas as sucessivas culturas que passaram pelo território nacional, foi sempre Évora um importante aglomerado. Ocupada por godos e muçulmanos, após conquistada aos romanos, é reconstruida e adaptada a sua malha urbana. 

Do longo domínio muçulmano, do Séc. 8 ao 13, muitos vestígios nos surgem, com especial incidência no tecido urbano e na tipologia dos edifícios que se fecham para as ruas e se abrem sobre pátios ou jardins interiores. A residência real, quase constante, e a Universidade são factores que influenciaram decisivamente o "facies" erudito que a cidade ostenta. 

É uma cidade renascentista, com os seus palácios, conventos e igrejas do Séc. 16, que ainda hoje mantêm vivo o seu carácter próprio, que o barroco não destruiu. Não deixa, apesar de erudita, a sua arquitectura de estar impregnada dum sabor local, espontâneo em certos pormenores de soluções de continuidade, que acusam uma persistência popular. 

Presente sempre a majestosa Sé, o Templo Romano, e o dédalo de arruamentos medievais definidos por palácios, solares e casas nobres que testemunham ter sido esta cidade a segunda, em importância artística, cultural e administrativa, logo após a de Lisboa. Do hibridismo erudito e espontâneo, a que não falta o sentido do improviso onde ganha uma frescura e ingenuidade revelando nunca se ter libertado das raízes da terra. 

O contraste do granito com a caiação é um aspecto definido na arquitectura de Évora, as soluções de coberturas em arco, abóbadas e abobadilhas definem-se com uma maior amplitude de variação. Note-se que aos irmãos Arrudas se deve muito do eruditismo arquitectónico na cidade. O ser um Centro Histórico bem delimitado por dois panos de muralhas, que transmitem o devir histórico do aglomerado, é sem dúvida notável a par do valor dos seus imóveis quer religiosos quer civis.

 Para mais fácil compreensão do que resumidamente fica referido propomos dois percursos urbanos onde se podem apreciar as multifacetadas vivências e arquitecturas desta cidade. Primeiro Percurso - Inicia-se na Porta de Avis, Lg. de Avis, R. de Santa Maria, R. do Cano, R. Pedro Simões, Trav. dos Nunes, R. do Menino Jesus, R. de D. Isabel, R. de Olivença, Pr. do Sertório, Trav. do Sertório, R. Nova, Pr. do Geraldo, R. da Républica, Pr. 1º de Maio e termina no Jardim Municipal. 
 


É um percurso que pode demorar boa parte da manhã mas que permite ver do Romano ao Renascimento. O segundo percurso inicia-se no Lg. da Porta de Moura, segue pela R. da Freiria de Baixo, Lg. de São Miguel, Largo do Colégio, R. Cardeal Rei, Universidade, Lg. de São Miguel, R. da Freiria de Cima, Lg. Dr. Mário Chicó, Lg. do Conde de Vila Flor, R. Augusto Filipe Simões, R. Francisco Soares Lusitano, R. das Casas Pintadas, Lg. Alexandre Herculano, R. de Vasco da Gama, Lg. do Marquês de Marialva, Lg. D. Miguel de Portugal, R. 5 de Outubro, e termina na Pr. do Geraldo. 
É um percurso que andando na Acrópole mostra a presença romana no seu melhor exemplar e a Idade Média na sua pujança.

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